Foi oficialmente inaugurada, na última semana do mês de janeiro, a conectividade dos trechos terrestres entre Brasil, Argentina e Chile do Programa BELLA (Building Europe Links to Latin America), uma infraestrutura de base que liga diretamente a Europa à América Latina através do cabo submarino EllaLink. O evento aconteceu por meio de videoconferência e contou com a presença de representantes da América Latina, incluindo o Brasil, e da União Europeia.
A conectividade é um marco histórico para o desenvolvimento da ciência, educação, tecnologia e inovação da América do Sul. Com 6.070 km de infraestrutura, e capacidade de até 600 Gbps, o trecho entre Porto Alegre (BR), Buenos Aires (AR) e Santiago (CL) trará inúmeros benefícios para a pesquisa astronômica no Brasil e para o Programa Copernicus do Chile. A conexão beneficiará mais de 1550 campi de ensino e centros de pesquisa no Brasil e no Chile, deixando o caminho livre para uma futura conexão argentina.
Com a nova estrutura, se intensifica a cooperação entre pesquisadores e organizações europeias e latino-americanas. Além disso, o cabo será de suma importância para os serviços de observação da Terra através do satélite europeu Copernicus, que possui um repositório de dados na Universidade do Chile. A conectividade permitirá que seja compartilhado um grande volume de informações sobre a observação da Terra em maior velocidade.
“BELLA representa uma grande oportunidade para nossa região. Gosto de imaginar que este projeto é um abraço digital entre os nossos países. É um abraço que estreita nossos laços históricos e vínculos em todos os âmbitos, incluindo, através da RedCLARA e seus membros, os âmbitos da ciência, tecnologia, educação e inovação, fundamentais para que nossa sociedade se desenvolva economicamente e socialmente”, disse o diretor executivo da RedCLARA, Luis Eliécer Cadenas.
O secretário de inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), Paulo Alvim, aproveitou para a ocasião para parabenizar a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) pelo seu envolvimento no projeto. “A RNP tem desempenhado um papel muito importante no Brasil, que transborda pelo nosso continente, e contribuiu fundamentalmente no projeto BELLA. Para nós, conferir maior independência ao intercâmbio de dados científicos e uma comunicação mais intensa e de qualidade na nossa região é estratégico, é o caminho de um futuro mais inclusivo e sustentável. Essa integração que o BELLA vai nos permitir vai garantir uma transmissão de informações mais célere e segura”, declarou.
As redes de pesquisa na Europa, América Latina e no mundo todo, historicamente, sempre integraram instituições e pessoas com tecnologias emergentes, trabalhando de forma antecipada pela comunidade. Mas, segundo o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, projetos como BELLA-T precisam da cooperação para seu êxito.
“Essa infraestrutura não seria possível só com as redes nacionais acadêmicas. Essas redes se tornaram relevantes porque conseguiram materializar e demonstrar os resultados de políticas públicas. Sem nossos governos dos estados, que investem em educação de qualidade e em pesquisa colaborativa, não haveria tecnologia emergente ou organização que fosse capaz de impulsionar ciência e educação para todos”, revelou.
Nelson ainda atribuiu o êxito do projeto aos investimentos das redes acadêmicas na interiorização em seus países, e, em grande parte, aos colaboradores que desenvolvem e disponibilizam suas competências técnicas ao longo do caminho.
“Graças as nossas equipes extraordinárias, nós conseguimos compartilhar junto com a Géant e a RedCLARA a construção e formação de BELLA-T e integrar, como nunca antes, comunidades da Europa com a América Latina. Essas redes são laboratórios que promovem o uso inovador e antecipado de várias tecnologias emergentes, e elas estão sendo aplicadas pelas nossas organizações em projetos de ciência e inovação. Eu costumo dizer ‘Se você gosta de internet, agradeça a sua rede de pesquisa’. Todas elas são veículos de desenvolvimento de novas aplicações, sejam elas ciência de dados, segurança cibernética ou inteligência artificial”, finalizou.
Programa BELLA
BELLA (Building the Europe Link with Latin America) é uma iniciativa que solucionará as necessidades de interconexão de longo prazo das comunidades de pesquisa e educação europeias e latinoamericanas.O projeto garante o Direito de Uso Imprescritível (IRU) de longo prazo do espectro sobre um cabo submarino direto entre as duas regiões e implantará uma rede de pesquisa e educação com 100 Gbps de capacidade em toda a América Latina.BELLA está sendo implementado por um Consórcio formado pelas Redes Regionais de Pesquisa e Educação GÉANT (Europa) e RedCLARA (América Latina) e pelas Redes Nacionais de Pesquisa e Educação (NREN) de Brasil, Chile, Colômbia, Equador, França, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.O financiamento do projeto BELLA provém da União Europeia, através de três diretórios da Comissão Europeia (DG-CONNECT, DG-INTPA e DG-DEFIS), e de NRENs da América Latina.
Fonte: rnp.br